UM ANJO MAU (1971)
A Hora e vez de Açucena
por Ely Azevedo

Roberto Santos admite que seu Um Anjo Mau não escapa da influência de Matraga. Este, até certo ponto, é seu lado fértil: uma consciência trágica dos caminhos do instinto e rebeldia num contexto social primitivo; a materialização desses impulsos na minuciosa reconstituição da violência, com uma grande atenção para a expressividade corporal; a inexorável caminhada dos personagens rumo à destruição, ao desespero. O cineasta é mais feliz quando se identifica ou quando se situa pó estratégia dramática na ótica de Açucena, a protagonista que Adriana Prietro – o mais legítimo valor do filme – assume com extraordinária força. Sempre que se situa à distância e procura expor com um mínimo de envolvimento o mecanismo que leva à anti-razão e ao impasse os personagens, Roberto Santos cai – e em escala maior – no artificialismo e na frieza de construção que vulneraram a parte final de Matraga.