O HOMEM NU (1967)
CINEMA DE AUTOR - 23 de Março de 1958
por Antonio Lima

Antes de falar sobre O Homem Nu, deve-se dizer duas ou três coisas sobre o diretor Roberto Santos. Esse quarto titulo de sua filmografia é um filme comercial, no sentido de levar público ao cinema, o que realmente está acontecendo. Mas nada fica a dever às três obras- primas que o antecedem: O Grande Momento, A Hora e a Vez de Augusto Matraga e o episódio de As Cariocas. Mesmo fazendo um filme de encomenda Roberto Santos não perde a linha: continua sendo o autor do filme, que pode ser definido como um estudo do comportamento humano, feito através de uma personagem comum, colocado numa situação inusitada.

O Drama de Homem Nu praticamente acaba, quando ele chega em casa. Há uma sensação de alivio na platéia, que durante mais de meia hora já se havia identificado com o personagem. Roberto Santos, como Hitchcock, recomeça tudo de novo, despertando mais a atenção do espectador e espicaçando sua curiosidade para o que virá a seguir. A História recomeça de novo, quando Walter Forster aparece em frente as câmaras da televisão. O espectador tem um novo impacto, é violentado em sua concepção tradicional e moral, pois as idéias do diretor são outras.

Caso o filme não tivesse outras qualidades – encenação, direção irrepreensível de atores, integridade intelectual e artistica do seu diretor – bastaria apenas essa característica para demonstrar que, além de ser um dos maiores cineastas brasileiros Roberto Santos é o verdadeiro autor de O Homem Nu.