O HOMEM NU (1967)
SAI DA ROTINA
por J.C. Ismael
A direção de Roberto Santos é desses acontecimentos em torno da qual a história do moderno cinema brasileiro deverá gravitar. A Câmara passa a ser o instrumento novo do já pesquisado e as seqüências são germinações espantosas de um mundo revisitado. Essa câmara, a serviço de uma direção obstinadamente desmistificadora, transforme-se numa pesquisadora indomável, incapaz de deixar de registrar as mil faces do mundo, sem se deixar seduzir ou assustar por nenhuma delas. O estilo de Roberto Santos caracteriza-se fundamentalmente em intuir o poder da imagem e somente esse poder é capaz de assoprar a poeira dos olhos da maioria dos diretores patrícios. É claro que não basta a intuição, é necessário saber exteriorizá-lo e é para isso que serve o artesanato. O poder da imagem significa a instauração de uma experiência visual que sentimos única e em íntima harmonia com a dialética interna das situações focadas. Nesse sentido, a direção de Roberto Santos acerta em cheio no alvo do melhor cinema.