ESCRITOS
Fechando bem o ano - 28.11.1975
por Zêgo

Pois é. Mas, o diretor Roberto Santos (que dirigiu, no cinema, outra história de Guimarães Rosa, “A hora e a vez de Augusto Matraga”, que foi um sucesso) conseguiu tirar deste episódio um dos mais belos e poéticos casos especiais até hoje apresentados pela Globo. Eis aí o mistério: uma história sem história, dois personagens sem charme, uma paisagem pobre podem resultar numa grande obra de arte. E o diretor não fez nada para preencher os possíveis vazios da transposição, nem inventou nada: seguiu a risca o que tinha sido escrito por Guimarães Rosa, e provocou o que parecia impossível provar, de que a palavra escrita pode ser levada para outro meio de comunicação sem perder a essência. Chegou ao extremo de manter na integra determinados diálogos criados pelo autor, cujo linguajar literário nunca obedeceu aos padrões vigentes.

Palminhas pra todos eles.